5 de abril de 2004

Coréia, Abril de 2004 - O Banheiro


No meu primeiro dia em Jeju, Coréia, não pude deixar de lembrar-me do meu primeiro contato com a tecnologia sanitária desses países orientais avançados, ocorrido no Japão, em 1996. Repeti na Coréia o mesmo sentimento de idiotice e atraso que tive no Japão, ao me deparar com a ignorância do ser que não sabe usar um assento sanitário. Estava frio, muito frio, e sentar num vaso frio, quando já está muito frio, é sempre um sacrifício. Mas não, o assento é quentinho, deliciosamente quentinho, o suficiente para você querer ficar ali mais tempo. E assim fiquei, até que, encerradas as atividades que ali me levaram, fui dar descarga no vaso. E onde estava o botão da descarga? Procurei, procurei, até que meus olhos se depararam com um painel ao lado do vaso, cheio de botões e suas respectivas instruções, na língua local, é claro. De pé, com o espírito curioso que move o ser humano, apertei o primeiro botão. Um jato de água veio na minha cara e eu fiquei pensando onde ele iriar parar caso eu estivesse sentado. Apertei o segundo botão e o esguicho de água moveu-se para uma outra posição, de onde jorrou um novo jato. Resolvi apertar o terceiro botão, achando que não havia mais surpresas e, le voilà, de onde saíram os jatos de água saía agora um ventinho quente que, imaginei, fosse destinado a secar os jatos de água. Com medo de continuar me aventurando (ainda havia mais 15 botões, como pode-se ver na foto), resolvi ligar pra uma colega no quarto ao lado e perguntar, constrangido, se ela sabia onde dar descarga. Como mulher é muito mais esperta em coisas de banheiro do que os homens, ela simplesmente respondeu "na válvula atrás do vaso", que de fato existia, de maneira tão simples e tão independente daquele painel de alta tecnologia. Não sei até hoje se um dos 15 botões restantes não faria o mesmo serviço, mas resolvi deixar a exploração de lado, com medo de acidentes ainda mais constrangedores.


Algum tempo mais tarde, recebi pela internet uma piadinha que transcrevo aqui, por refletir bem esse ar de bestificação com que nós, brasileiros, podemos nos deparar nesses ambientes hi-tech:


"Uma senhora faz sua primeira viagem ao Japão! Tudo era novidade! Hospedou-se num luxuoso hotel 5 estrelas. Ao chegar em sua suite, sentou-se naquele luxuoso banheiro e, ao terminar, notou que faltava papel higiênico.

Revoltada, indignada, de dentro do banheiro mesmo interfonou para a recepcionista:

- Minha filha, isso é um absurdo, um hotel dessa categoria sem papel higiênico?!

- Desculpe-me senhora, não usamos mais esse tipo de material em nossos hotéis. Veja o painel ao seu lado. Aperte o primeiro botão à esquerda.

Ela, curiosa e sem graça, seguiu as instruções e, imediatamente, um delicioso jatinho de água morna foi esguichado em sua perereca.

- Senhora, agora aperte o segundo botão, ao lado.

Ela seguiu as instruções e, imediatamente, um ventinho quente rapidamente secou suas partes baixas, e exclamou:

- Que maravilha! Muito obrigado.

Mas a recepcionista lhe disse:

- Não acabou ainda, senhora. Aperte agora o terceiro botão.

Ela apertou e, maravilhada, viu uma borrifada de um delicioso perfume ser lançado entre suas pernas. Deslumbrada com toda aquela tecnologia, ela não se conteve e gritou em voz alta:

- C a r a a a a a a a l h o!

E ouviu como resposta da recepcionista:

- É só apertar o botão vermelho, senhora!"

3 comentários:

RECIFES DE CORAL disse...

Demais!!!
amei a descrição do banheiro coreano. Aconteceu algo parecido comigo no Japão, onde fui um pouquinho mais longe nos botões e descobri duchas dianteiras, traseiras e ate um massageador....uma delícia!!!!!
Grande beijo, Ana Paula.

Anônimo disse...

NAVEGANDO NA INTERNET ENTRAVA EM BLOGS E UM EM ESPECIAL ME CHAMOU -ME A ATENÇÃO: PORTAS E JANELAS E PARA MINHA MAIOR PERPLEXIDADE AINDA FOI VER SUA ASSINATURA.TAI MAIS UMA QUALIDADE SUA DENTRE TANTAS QUE DESCONHECIA.VC ESCREVE MUITO BEM E SE EXPRESSA MELHOR AINDA.COMEÇEI A LER SUAS VIAGENS E ME TRANSPORTEI AOS LUGARES MENCIONADOS POR VC,EM ALGUNS MOMENTOS DESPERTAVA-ME O ENTUSIASMO DA MINHA ALEGRIA INTERNA ,E EM OUTROS LÁGRIMAS POÉTICAS INSPIRADAS SOBRE SUA ESCRITA ROLAVAM EM MINHA FASE DE LEITORA.ENTRE TANTAS EMOÇÕES LIDAS E VIVÊNCIADAS EM SEU DIÁGOLO ESCRITO TOCOU-ME A ALMA A INTRODUÇÃO DE SEU BLOG PORTAS E JANELAS ONDE O ENCONTRO COM O ÁMAGO É ENEVITÁVEL,DESNUDANDO VERDADES POR TRÁS DE CORTINAS E PORTAS ENTRE -ABERTAS.
PARABÉNS A QUEM ENTENDE A REALIDADE DA ALMA,QUEBRANDO FRONTEIRAS E CEDENDO A VISÃO PANORÂMICA DO CODIDIANO DA VIDA URBANA EM QUALQUER ESFERA DO PLANETA.
BJOS
M

Anônimo disse...

Muitos, muitos risos....... Penso que iria me embananar toda nesses banheiros sofisticados de botãozinhos e sem papel.. Aliás essa sofisticação resolveria um pequeno probleminha de limpar, limpar, limpar, e, após quase provocar uma esfoliação... verificar que não foi suficiente para evitar a permanência de uma manchinha em minha calcinha.
V